05 outubro 2007

XP e resistências sociais


Eis um desafio a que se propõe qualquer cristão que queira implantar métodos ágeis em um projeto, em uma equipe, em uma organização: vencer as resistências sociais que naturalmente se criam quando surgem novas idéias, especialmente as mais inovadoras.



Admito: XP apresenta conceitos novos que nem sempre são fáceis de aceitar. Programação em par, testes primeiro, design evolutivo. Escopo aberto!

Como convencer um PMP ou um avaliador CMMI de que é melhor planejar aos poucos? ou de que é melhor levantar os requisitos o mais próximo possível do momento de implementá-los? Também não é fácil convencer um programador a escrever testes, a integrar frequentemente, a se expor nas reuniões de reflexão, etc.

Como bem colocou Kent Beck, XP não se trata de um processo de desenvolvimento, que define atividades que devem ser realizadas em determinada seqüência, por determinadas pessoas ou papéis. XP é um mecanismo de aprendizado. Um caminho para a melhoria.

Nesse sentido, ao invés de definir regras para as tomadas de decisões, XP define princípios a que qualquer equipe deveria estar atenta no momento de tomar certas decisões. Tomar as decisões, no entanto, é tarefa que deve ser realizada por seres humanos, não por autômatos. (A definição de um processo aderente a CMMI bem lembra um autômato, não?)

Aqui estão dois princípios que eu tomaria do XP para lidar com as resistências de que falei: baby-steps e oportunidade. Antes de mais nada, convencer alguém de qualquer coisa não é tarefa simples. Especialmente em se tratando de quebras radicais de paradigmas, como algumas mudanças propostas em XP. Logo, é preciso que as pessoas se convençam das coisas pouco a pouco.

Eu já passei por situações onde o simples fato de se pronunciar a palavra “XP” era motivo para que uma idéia simples, como reuniões diárias, fosse rejeitada. Com o tempo, percebi que era mais efetivo não tocar naquele nome.

XP é uma dessas coisas de que a gente só se convence que é melhor quando experimenta. Aos poucos, as pessoas se convencem de que as práticas funcionam, e passam a oferecer menos resistência.

É como convencer seu irmão mais novo a experimentar bacalhau. Não diga que é bacalhau, apenas sirva o prato e permita que ele experimente, sem aquele velho preconceito por perto.


O outro princípio, da oportunidade, nos ensina que a sabedoria está em saber esperar o momento certo para agir. Mutas vezes, é preciso ter muita paciência e coragem para esperar esse momento. Cada prática de XP tem seu timing. Cada equipe e organização tem seu timing. É preciso estar atento, com a mente limpa e tranquila, para se perceber o melhor momento de se introduzir cada nova idéia.

Tentar adotar XP por decreto, sem que os envolvidos estejam convenvidos de seu valor é inútil. O máximo que se consegue é fortalecer as resistências sociais que estamos tentando vencer. Para adotar métodos ágeis com eficácia, é preciso que sua equipe toda (inclusive cliente e executivos) acredite no que está fazendo. Conquistar essa confiança é um trabalho lento e árduo, tenha paciência.

Até